fundacaoestreladosul@gmail.com

CUBA É OU NÃO É UMA DITADURA? RESPEITA OU NÃO OS DIREITOS HUMANOS? FAÇA SUA AVALIAÇÃO! - “Prefiro um milhão de vozes críticas ao silêncio das ditaduras” Dilma Roussef

“Prefiro um milhão de vozes críticas ao silêncio das ditaduras” Dilma Roussef

Escolher o momento para uma visita presidencial pode ser um trabalho sumamente ingrato neste mundo tão imprevisível e mutável. Quando a data da viagem de um chefe de estado é anotada em sua agenda, anunciada e combinada com os anfitriões, geralmente a vida se encarrega de rodeá-la de imprevistos. Os palácios de governo não conseguem controlar o azar nem tampouco prever esses acontecimentos surpreendentes que rarefazem o cenário da chegada de um dignatário. Bem o sabe Dilma Roussef. Sua presença em Havana foi preparada durante semanas e foi precedida, inclusive, pela do chanceler Antonio de Aguiar Patriota. Tudo parecia firme e bem firme: um cronograma rápido, eficiente, protocolar, focado em temas econômicos e que terminaria com a subida no avião com destino ao Haití. Porém algo se complicou.

Muitos dias antes que a economista e política brasileira aterrizasse no Aeroporto José Martí, morreu um jovem cubano depois de uma greve de fome prolongada. Os meios oficiais apressaram-se a apresentá-lo como um delinqüente comum, mesmo tendo sido detido numa marcha opositora nas ruas de Contramaestre. O discurso do poder radicalizou-se e a temperatura política alcançou esses graus tão bem manejados pelos nossos governantes. Nesse contexto a recém concluída Conferência do PCC converteu-se mais num ato de afirmação do que de mudança, numa declaração de unidade ao invés de abertura. Muitos dos que aguardavam pelo anúncio de transformações políticas profundas perceberam que o evento foi mesmo a última oportunidade perdida pela geração no poder. Um dia depois do seu encerramento, Raúl Castro – o secretário geral do único partido permitido – recebeu Dilma Roussef, a outrora guerrilheira, que hoje dirige um país com diversas forças políticas e uma imprensa muito crítica.

A agenda cubana de Dilma inclui visitar as obras de construção do porto de Mariel e a possível concessão de um novo crédito bancário. O Brasil é nosso segundo sócio comercial na América Latina, porém não se trata somente de uma questão de recursos. Nestes momentos o raulismo urge ser legitimado por outros presidentes da região. Desse modo que por estes dias haverá sorrisos, apertos de mão, juras de “amizade eterna” e fotos, muitas fotos. Os ativistas cívicos – por seu lado – tentarão um encontro com a mulher que foi torturada e encarcerada durante um governo militar, mesmo que existam poucas possibilidades de serem recebidos. Dilma Roussef conversará com Raúl Castro, estará muito perto dele nesta conjuntura delicada em que o azar a colocou. Esperamos que não desperdice a ocasião e seja conseqüente com a fala democrática, ao invés de optar pelo silêncio cúmplice ante uma ditadura.


 http://www.desdecuba.com/generaciony/

Fórum Social Temático - Sustentabilidade urbana


'Vozes' abre atividades do FST 2012 em Porto Alegre



O Fórum Social Temático 2012 só inicia oficialmente na terça-feira (24), mas alguns eventos já antecipam mobilização nas quatro cidades onde encontro vai ocorrer (Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo). Neste sábado, encontro batizado de "Vozes", no Jardim Botânico de Porto Alegre, perguntou: "Por que falamos de crise capitalista e justiça social e ambiental".



Porto Alegre - Nem todos os visitantes do Jardim Botânico de Porto Alegre perceberam, mas aquele grupo sentado em rodinhas de quatro ou cinco pessoas estava participando de uma das primeiras atividades do Fórum Social Temático 2012. Se o FST só inicia oficialmente na próxima terça-feira, 24, diversos eventos já antecipam a mobilização nas quatro cidades onde encontro vai ocorrer (Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo).



Proposto pela Retrans (Rede Transcultural Holista), o encontro batizado de Vozes, nesse sábado, 21, perguntou: “Por que falamos de crise capitalista e justiça social e ambiental?”. Eduardo Cezimbra, um dos organizadores da atividade, conta o que ela tinha de diferente: “Aqui ninguém veio para ouvir algum super-entendido falar. Aqui todos vieram escutar e falar também”.



Por isso, na parte da manhã, os cerca de 60 participantes do Vozes formaram uma escultura viva no formato de uma orelha, que se tornou uma espécie de palco para que todos se expressassem. “Tivemos dança, poesia, música”, conta Cezimbra.



O arte-educador popular Dan Baron, 54, foi o facilitador do Vozes, apesar de ele mesmo não gostar desse rótulo: “É tudo uma produção coletiva. Nós apenas fazemos a pergunta certa para iniciar o processo”. Nascido no País de Gales, Baron mora desde 1998 no Brasil e atualmente vive em Marabá, no Pará. Ele explica a função do evento: “A idéia é criar um ambiente de confiança para que as pessoas se integrem”. Buscando essa integração baseada na confiança, depois das atividades da manhã e do almoço, os participantes se dividiram em grupos para trocar experiências.



Já integrados, se reuniram em uma grande roda e, depois de uma canção, sentaram-se para a parte final do Vozes. Dan pediu a palavra e sugeriu: “Que tal se cada um contasse seu projeto para 2012, mas para isso usasse o intervalo de uma respiração?”. Um a um, os participantes falaram. Coube à filha de Eduardo Cezimbra, Flora sintetizar o espírito do encontro: “Meu objetivo é reconhecer dentro de mim todos os seres da terra”, disse a jovem, saudada com os aplausos do Vozes, que eram as mãos para cima abanando. Nada de palmas.



Para finalizar, Cezimbra contou uma história, também do tamanho de uma respiração e também um chamado: “Encontrei um homem que uma vez me apontou uma plantinha no chão e me pediu que cuidasse dela, para que pudesse se tornar uma frondosa árvore”.



Quando acabou, ninguém foi embora, mas ao invés disso pegaram canetas e papeis para anotar os contatos dos demais participantes, guiados apenas pela afinidade entre todos. Cezimbra finalizou: “Quase ninguém aqui se conhecia, mas tecemos redes juntos e agora somos parte de uma comunidade. Esse é o ponto máximo do que planejávamos para o Vozes. Excedemos em muito o que queríamos”.



O Jardim Botânico terá diversas outras atividades durante o FST 2012.